domingo, 26 de abril de 2020

croniquinha | uma pessoa boa

O que define alguém como uma pessoa boa? Esse é mesmo um tema tão relativo assim? Se for, então para quem deve ser mais relevante? Tenho pensado nisso nessas últimas semanas. Essa questão é, na verdade, frequente em minha vida há pelo menos dez anos. Eu gostaria de poder reunir argumentos a favor da minha pessoa e de poder dizer que eu sou boa.

Eu gosto de estudar; eu leio; eu conheço (indiretamente) outras culturas e as respeito; eu não bebo, nem fumo; eu não falo palavrões; eu reciclo boa parte do meu lixo; eu não jogo lixo na rua; eu não maltrato animais; eu não discrimino por raça, religião ou gênero... e percebo que muito falei daquilo que não faço. Essa é uma forma de ver o mundo, correto? Em negação, a partir do que não é. Mas, assim, então o que é?

Talvez uma alternativa melhor seja pensar no que quero ser: quero ser mais amável, mais paciente, mais compreensiva, mais gentil, mais disciplinada, mais correta, mais digna do meu amor-próprio. É ruim sentir-se tão severamente cobrada por si própria, pois não há dispositivo que me permita me bloquear, me silenciar, me ignorar. Também não quero viver em letargia por influência de substâncias.

Estou há cinco semanas em casa em obediência ao distanciamento social proposto para a prevenção da disseminação descontrolada do coronavírus causador da COVID-19. É como se eu fosse adolescente outra vez, dentro do meu quarto, pensando em todas essas coisas.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

once I dreamt | Pistache


Hoje eu te vi. Vieste a mim com aquele jeito dengoso querendo carinho, se jogando no chão para que acariciasse teu pelo, tão branco e macio. Miaras agudo, como sempre fizeste, como se ainda fostes meu mimado filhote. E com o afago, e as coçadinhas atrás da orelha, ronronavas alto - "um motorzinho", mamãe dizia. Até me lembrar que não está mais aqui. Onde quer que esteja, esteja em paz. ♥ inmemoriam

domingo, 16 de abril de 2017

croniquinha | ainda há poesia

Vista de Pancas/ ES a partir da rampa de voo livre Clementino Izoton da Pedra da Colina.

Suba a pé e sinta o ar puro da montanha e o perfume dos eucaliptos. Veja as borboletas laranjas, brancas, azuis e amarelas voando ao seu lado pelo caminho. Ouça o barulho do zunido das abelhas, do canto dos pássaros, e dos gritos dos macacos. Perceba sua respiração ficando mais forte, porque seu corpo é maravilhoso e exige mais combustível para queimar.
Os mais novos seguirão na frente com a ansiedade de conhecer a vista do lugar. Os mais velhos, atrás, relembrando a cada passo o tempo na roça onde faziam armadilhas de folha de ubaúba e quando ainda podiam cortar palmito da mata.
E finalmente lá encima as pedras serão recompensa, criações da natureza para o encantamento do homem.

buddhism | aceitação daquilo que é



lembre-se: a vida não seguirá você; é você que precisa seguir a vida
OSHO

Muitas vezes, comecei e parei. O estímulo acabava, a objetividade se perdia. A vontade, entretanto, sempre retornava. Vontade de escrever, vontade de ser lida. E sempre pensava: "não manterei esse nem aquele texto, eles não são mais parte do meu presente, do que eu sou e vivo". Mas aí está a grande verdade: somos nada além de ser e deixar de ser a todo o momento; somos fluido, inconsistência; somos rio, cuja água nunca permanece a mesma; somos impermanência. Aceito esta condição e reconheço-a em todos os seres como a maravilhosa mágica do existir.

mais lidas: